PESADELO
Suspiros escaldantes como brisa
vinda de uma janela sem vidros...
N?o, nem janela ha,
s?o so buracos esculpidos.
Mal se consegue respirar,
o ar esta adiposo e toldado de cinzento.
Talvez seja o fumo do meu cigarro,
arfo, rastejo entre este fumo nojento.
Rostos desconhecidos congregam-se no tecto
e n?o param de me vilipendiar...
Querem dizer-me algo que n?o quero perceber.
Querem que chore, n?o estou a chorar!
Pego num caco de espelho
que alguem ali deixou...
Tremo, n?o tenho coragem,
n?o sei quem sou...
Olho e n?o reconheco,
lentamente a minha m?o percorre o meu rosto.
A minha pele esta amarela e suja.
O rosto transpirando covardia tapada pelo cabelo descomposto...
Os labios roxos e frios,
os olhos escuros e vazios...
As minhas feic?es est?o gastas, estranhas,
cansadas, apagadas.
Com mais espanto que terror
pensei como seria possivel ser t?o velha,
n?o! ainda ha pouco nasci!!!
Deito o caco de espelho para o ch?o,
estilhaco-o de raiva com a minha propria m?o.
Ria-me como uma louca enquanto o sangue escorria...
Ha muito tempo assim n?o me ria!!!!
Paro...
Oico o eco das minhas gargalhadas,
carrego-me lentamente pelo ch?o.
Um cheiro fedorento nasce das beatas mal apagadas.
Procuro uma porta...
Desesperada quero sair dali,
n?o encontro e descubro
que aquilo sou eu,
estou dentro de mim...

Schehrazad