O satanismo, como filosofia ,
surgiu da suposta rejeição da Natureza por Deus, por ser impura e
imperfeita. Mais tarde, tudo o que a Igreja rejeita e condena é aproveitado
pelo Diabo, que se serve disso e o explora, por Satã é o «principie deste
mundo». É ele que nos faz ter uma vida terrestre sem preocupações, uma vida
de bens imediatos, sem nunca pensar hipotética , e ainda por demonstrar,
vida ulterior. Pelo contrário, a Igreja Católica move-se num mundo cinzento
e postula a ideia da dor, do sofrimento, da resignação e a esperança de que,
através da morte , se aceda a uma vida espiritual melhor. Esta dicotomia
criou o bem e o mal e a única arma que a Igreja tem para contrapor à força
da vida alegre e diabólica é a ameaça divina de fechar a porta do reino do
céu aos seguidores do satanismo. Muitas foram as pessoas que , não se
sentindo completamente identificadas com o Deus bom, monoteísta,
judeu-cristão, o rejeitaram e se inclinaram para adorar o seu rival: Satã.
Os seus seguidores prometeram-lhe amor eterno, servilismo humano e
espiritual em troca de lhes facultar riquezas e poder sobre o resto dos
seres humanos. Estas pessoas criaram métodos para entrar em contacto com ele
e organizaram e sistematizavam determinados ritos de adoração ao Diabo.
Constitui-se assim uma forma de magia negra conhecida vulgarmente por
satanismo, que engloba, de facto, todos os libertinos e transgressores das
proibições da Igreja.
A liturgia do satanismo deu origem à celebração das missas negras, as quais
são, essencialmente, actos ritualísticos esotérico-religiosos de oferta da
vida ao Diabo através dos sacrifícios. São orientados para a obtenção de
poderes sobrenaturais para situar o homem à altura dos seres superiores,
isto é, converterem-se em autênticos seres diabólicos pelo facto de o deu
espírito estar possuído pelo Diabo.
O satanismo manifesta-se em todo o seu esplendor através da celebração das
missas negras. De facto, este é um ritual praticado assiduamente desde o
século VII, consistindo em copiar as missas cristãs, colonizar o rito
cristão, mas com uma simbologia totalmente inversa. A missa negra, no
entanto, tem variantes na sua encenação e a sua oferenda de consagração é
dirigida a uma divindade maléfica. Os seus actos consistem em repetir
fundamentalmente os mesmos gestos simbólicos e fazê-los completamente ao
contrário dos efectuados na missa cristã.
A consagração do vinho é substituída pelo sangue sobre o altar satânico
constituído pelo corpo nu de uma mulher, de preferência virgem, a qual se
vai iniciar no culto satânico. Esse sangue humano e o espírito da pessoa
sacrificada são oferecidos e consagrados em corpo e alma ao Diabo. O
conjunto de ritos e invocações dirigidas ao rei das forças maléficas é
presidido por um bode, que simboliza o Diabo, e a missa negra costuma ser
oficiada por um padre renegado, ou um sumo sacerdote satanista, que vai
convenientemente paramentado com uma batina negra revestida com emblemas
demoníacos. Na actualidade, o mais poderoso sumo sacerdote satânico, mais
conhecido por Papa negro é o Anton Szandor LaVey fundador da Igreja
satânica, sedeada em São Francisco (Califórnia). |